
O “Skate para Todos” teve início em março de 2021 e já conta com 70 integrantes e 18 voluntários. Idealizado por Davi Vargas, skatista há 18 anos, o projeto tem como objetivo o aperfeiçoamento e profissionalização dos integrantes, dando suporte para os atletas com mais destaque participarem de competições nacionais, além da realização de outras competições.
Por causa da falta de incentivo e apoio à modalidade, Davi percebeu a necessidade da criação do projeto. Segundo ele, a visibilidade à modalidade tem crescido, graças ao trabalho que eles têm nas redes sociais e pelas divulgações em meios de comunicação mais tradicionais, como rádio e TV.
“A importância de um projeto como esse é sem tamanho. Nunca tivemos um apoio tão concreto como temos hoje, nossos resultados são incríveis nesses meses de existência, e com certeza iremos ter vários outros triunfos pela frente”, afirma Davi.
As atividades são gratuitas e acontecem na praça Jamaika, localizada no bairro Mecejana. O skatista comenta que após as olimpíadas, o esporte ganhou mais visibilidade e aceitação, atraindo outros praticantes.
“As Olimpíadas de 2021 se tornaram um marco expressivo em todo o contexto da modalidade, tanto na questão do incentivo, através de mais eventos, mais locais exclusivos para a prática (pistas e skateparks), e principalmente para a desmarginalização do mesmo. Mas ainda há muito trabalho a se fazer, principalmente na região norte do nosso país, onde a modalidade não tem tanta visibilidade, porém acredito que isso é uma questão de tempo”, ressaltou.
Paulo Arcanjo é um dos integrantes do projeto. Ele conheceu o esporte em 2002 por meio dos amigos e pratica desde os 15 anos. Com um dinheiro que ganhou trabalhando com o avô, foi aos poucos montando o skate, comprou rodas, eixos e outros equipamentos. Arcanjo afirma que o skate é um estilo de vida e se apaixonou pelo esporte por ser algo individual.
“É você e o skate, você se torna um. Na mente você não escuta nada, nem barulho, não pensa em nada, você precisa de foco, se não, não anda bem. O skate traz o foco, a concentração, no momento que você está na pista, você tem que estar ligado em tudo, mesmo de fone, tem que estar ligado em tudo ao seu redor para que não aconteça nada. Essa individualidade me chamou atenção no skate. Além da individualidade sua e do skate, tem um grupo que lhe ajuda, torce e apoia”, comentou.
O atleta acredita que o preconceito contra o skate nunca vai acabar e que as pessoas aceitam apenas para esconder o que elas realmente pensam a respeito. Arcanjo também comenta que sofre preconceito apenas por ser quem ele é, já que tem traços indígenas, tatuagem e cabelo grande. “Desde quando eu era adolescente, o skate era um escudo, uma forma que eu vi onde poderia me proteger”.
Para Paulo, o projeto é a reunião que faltava, pois a pista serve para você aprender a andar, mas é necessário um lugar para treinar, onde as pessoas se sintam confortáveis e haja uma troca de ensino, onde todos podem ensinar e aprender. E o projeto proporciona isso aos integrantes.
“Boa Vista é uma cidade pequena comparada a outras cidades, então o círculo do skate, das pessoas que andam há muito tempo, se encontram nesse projeto, com isso você se sente mais confortável com amigos perto. Apesar do skate ser um esporte individual, as amizades, brincadeiras e conversas fazem com que você se sinta em casa e é isso que o projeto faz. O projeto dá um apoio para você, se estiver se saindo bem, podemos conseguir uma passagem para você [participar de campeonatos], se estiver faltando uma peça, falamos com alguém que pode resolver isso. O projeto está ali para formar essa nova geração de skatistas que está vindo”, afirmou.
O Skate para Todos conta com o apoio do Deputado Estadual Jorge Everton, e das lojas skate shop (KGN Skateshop) e a marca regional (Black Apple), dando apoio à alguns atletas e contribuindo na realização de alguns eventos.
Quem quiser pode obter mais informações sobre o projeto no Instagram @projeto_skate_para_todos_rr, ou entrar em contato com Davi Vargas pelo número 95 991675981.
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