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Psicofobia: preconceito contra pacientes com transtornos mentais atrapalha tratamentos

Foto do escritor: CacosCacos

De acordo com a especialista Yasmin Leitão, a chamada psicofobia é caracterizada por tentativas de minimizar situação vivida por pacientes



Foto/Reprodução: Internet


“Tentativas de minimizar ou não aceitar o quadro psíquico de algum conhecido.”

É assim que a psicóloga Yasmin Leitão define a “psicofobia”, ou o preconceito vivido por pessoas que sofrem com algum transtorno mental. De acordo com a especialista, a discriminação – mesmo que involuntarias – é um dos fatores que atrapalham o tratamento deste tipo de doença no Brasil.


A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais de 23 milhões de brasileiros sofrem de algum transtorno psicossomático como depressão, ansiedade e transtorno bipolar. Para a psicóloga, o cenário cresce cada vez mais devido aos desafios no momento de pedir ajuda e ao medo dos preconceitos vividos por pessoas com algum problema psicológico.


Ela explica que os transtornos mentais, apesar de serem bem recorrentes, não são totalmente compreendidos socialmente e isso pode ser percebido em frases como: “isso é só uma fase, não fica assim” ou “isso é frescura, logo passa.” Destaca Yasmin Leitão,


“Dentro da nossa sociedade existe desde muito tempo, uma tendência a culpabilizar e a acreditar que as pessoas que vivem algum transtorno mental [...] tem controle sobre aquela questão e na maioria dos casos não tem. É por isso que a gente entra com um tratamento com o psicólogo, psiquiatra ou o neurologista, dependendo do caso para que a pessoa consiga viver com qualidade."

A falta de entendimento sobre o assunto e a maneira errada de ajudar as pessoas que sofrem com problemas do tipo acaba atrapalhando a busca por tratamentos. A especialista explica que os transtornos mentais, não podem ser considerados como “sentimento de tristeza”, portanto, necessitam do auxílio de profissionais especializados.


“As pessoas não compreendiam.”

Ouvir e compreender histórias de pessoas que passam pelos processos de diagnóstico e tratamento de doenças mentais é importante para acabar com os estigmas em torno do assunto. A empreendedora Gerlane Realeza enfrentou a depressão pós-parto após o nascimento do seu primeiro filho.


De acordo com Gerlane, no momento em que passava pela condição, amigos se afastaram. Ela ressaltou ainda que “ninguém em sua volta sabia como lidar com as suas emoções e dificuldades” e isso a fez sentir excluída.


Eu tinha 18 anos e não tinha capacidade para ser mãe, fiquei muito frustrada, passei a rejeitar meu filho e caí numa depressão profunda. Eu sentia que as pessoas se afastaram de mim, as pessoas não compreendiam e nem entendiam porque eu estava passando por isso, e isso foi piorando a minha situação."

Foto: Gerlarne Realeza


Gerlane conseguiu vencer a depressão pós-parto após nove meses de ajuda psicológica e psiquiátrica. Além disso, ela destaca que passou a “entender melhor como lidar com os seus sentimentos”, assim, iniciou a sua carreira profissional.


Hoje em dia, Gerlane usa os ensinamentos aprendidos com a doença para ajudar outras pessoas. Após seu processo de cura, ela destaca que enxergou a “mulher forte e produtiva” que poderia ser.

“Após o meu processo de cura, eu voltei a me enxergar como uma mulher forte, hoje eu me vejo como uma empreendedora. Através das minhas redes sociais, eu procuro inspirar outras mulheres que passaram por esse mesmo problema”, ressaltou.


Tipos de psicofobia


A psicofobia pode aparecer na sociedade de diferentes formas e, segundo Yasmin Leitão, as vítimas podem variar de acordo com a idade. Geralmente em adolescentes e crianças ocorre através do bullying, já na fase adulta tende a ser mais agressivo em palavras.


A psicóloga explica que a melhor forma de combater a psicofobia é através de campanhas públicas para propagar informações necessárias e ações legislativas, já que é um problema social. Finalizou


"Assuntos mentais são uma questão de saúde pública. É importante tipificar o crime contra as pessoas de transtornos mentais ou doenças mentais, punir quem pratica essas injúrias podem exercer influências positivas sobre pessoas psicofobicas."


Psicologa Yasmim Leitão - Foto/Reprodução: Redes Sociais


PL de combate a psicofobia


Em 2022, o estado de Roraima criou o projeto de lei (PL) n° 1743, que institui a semana de combate a psicofobia no estado, a contar a partir de todo dia 10 de abril de cada ano.


Durante a semana de campanha devem ocorrer programações, encontros, debates, campanhas educativas e outras atividades que visem orientar e prevenir a psicofobia.


Mesmo amparados por leis, é importante a procura de profissionais na área da saúde para o início ou continuação do tratamento psicológico. Por meio da prefeitura de Boa Vista e o Governo de Roraima, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) realizam acompanhamento psicológico individual.


Repórteres: Fernanda Brito e Emily Soares.

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