A história a seguir faz parte de um projeto piloto idealizado pelo acadêmico Mairon Compagnon, trata-se da releitura da música Te vi na rua ontem, do artista Konai.
Nota do autor: "Aconselho que leam a historia a seguir escutando a musica -> https://soundcloud.com/mairon-compagnon/konai-te-vi-na-rua-ontem-mp3 "
Boa leitura
Eu estava sentado na cama enquanto a via partir. A gente sempre brigava e se reconciliava rápido demais, mas dessa vez foi diferente, ela havia começado a arrumar suas malas e de uma forma muito rápida e desorganizada, parecia, de fato, que não via a hora de sair dali. Enquanto isso, eu covarde como era, permaneci cabisbaixo tentando entender o que havia acontecido para chegarmos naquela situação.
- Bom, eu acho que é isso – disse ela me olhando enquanto segurava suas malas – é um adeus.
- Sabia que eu tive um sonho bem estranho essa noite - disse enquanto tentava não chorar.
- Lúcio, isso não é hora para tentar...
- No sonho alguém chegava para mim e dizia que não via o nosso relacionamento dando certo.
- Huum - seus olhos caíram de tristeza - Então você está desistindo de mim, sem nem ao menos tentar fazer isso dar certo?
-Eu... Você tem que ir mesmo? – murmurei olhando para o chão.
- Não, mas não estou vendo você me impedindo de cruzar aquela porta – entrei em choque quando ouvi aquelas palavras.
Ela virou-se e começou a andar em direção a porta, seus ombros pareciam estar pesados de tristeza e decepção.
- Essa é sua última chance – após dizer isso, ela girou a maçaneta – mas sabe de uma coisa?! Eu ainda te amo.
Por um instante meu corpo descongelou e eu corri atrás dela, mas a porta se fechou antes que pudesse tocá-la. Nesse instante, raiva e tristeza tomaram conta de mim porem, em vez de correr pelo corredor do prédio chamando seu nome e trazê-la de volta, soquei a parede e deixei meu corpo se enfraquecer e ir ao chão.
- Desculpa – Disse enquanto apoiava minha cabeça em meus joelhos – Desculpa…
Eu conseguia sentir que do outro lado da porta havia alguém apoiado, prestes a desabar no chão. É difícil explicar, mas acho que podia até sentir as suas lágrimas.
Tentei me levantar e ir ao banheiro. Para secar minha lágrimas, lavar meu rosto, ou apenas entrar embaixo do chuveiro e deixar a água levar toda a minha tristeza.
Antes que eu cruzasse o quarto, ouvi a porta se abrir.
- Eu sei… eu sei. Eu tenho muitos problemas, mas eu tô tentando mudar. E você que tem medo de se arriscar, de se entregar. Você tem medo de se apaixonar por mim ou por qualquer pessoa. - lágrimas rolavam pelos sem olhos. me doía vê-la chorar, mas me doía ainda mais saber que era tudo culpa minha.
- Eu sei que falo muito isso, mas porra, isso não é justo. Eu tinha você comigo todas as manhãs e a noite você estava lá. Você é o sorriso no meu rosto. O brilho nos meus olhos... Você me completa. - Disse enquanto tentava me aproximar.
- Desculpa… Eu não consigo mais, não agora que botei tudo pra fora. Acho que é um problema que eu deva corrigir o mais rápido possível, talvez eu deixe você se me tornar apenas mais uma cicatriz, pensar no quanto você vai fazer falta me assusta. Quem sabe um dia a gente se resolva e a gente possa recomeçar, mas por hora é melhor continuarmos assim. - ela engoliu suas lágrimas e seguiu para fora - Acho que agora você não pode mais me impedir.
- Eu me sinto completamente derrotado - disse enquanto a via partir mais uma vez.
- Desculpa.
Ela fechou a porta pela última vez.
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