Para o estudante Luís Felipe, a modalidade esportiva é “alimentada pela comunidade”, mas carece de incentivo público

O basquetebol é uma modalidade esportiva conhecida mundialmente. Em Boa Vista, capital de Roraima, a modalidade tem se destacado ainda mais com os anos, visto que, atualmente, jovens apreciam assistir ao esporte e praticá-lo nas quadras da cidade. Entretanto, a falta de manutenção desses espaços compromete a prática do esporte na região.
Apreciadores do esporte relatam a necessidade de se deslocarem até bairros mais privilegiados ou no centro da cidade, a fim de jogarem basquete com os amigos. Segundo eles, a estrutura é diferente das quadras localizadas em bairros periféricos. Os lugares mais escolhidos para jogar uma partida são a praça Capitão Clóvis, localizada no Centro, e a praça da Amoca, no bairro Caçari.
Para o Roberto Bernard, jogador de basquete amador, uma das principais dificuldades enfrentadas para praticar o basquete é o deslocamento. Ele precisa pegar transporte público, para ir ao centro da cidade e conseguir jogar.
“Eu gosto muito de jogar basquete. Quase toda semana eu costumo jogar, pelo menos, umas três a quatro vezes. É complicada a situação de deslocamento. Como moro no bairro Pintolândia, há dias em que prefiro ir em casa depois do trabalho, pegar a moto e ir até o centro, porque, se for depender do ônibus, eu retorno muito tarde para casa”, disse Roberto.
Alguns amigos de Roberto costumam se reunir em quadras de outros lugares, pois relatam que nas proximidades de casa não há quadras para praticar o esporte.
“Acredito que se tivesse mais quadras espalhadas na cidade, seria melhor para se reunir com os amigos. A maioria das praças só têm quadras de futebol. Então, somos obrigados a gastar nosso tempo e dinheiro para jogar”, completou.

Dificuldades na realização de campeonatos
A falta de estrutura apropriada das quadras poliesportivas também afetam a realização de campeonatos de basquete no estado. Para a coordenadora da Federação de Basquetebol do Estado de Roraima (Feberr), Thairiny Pinheiro, o incentivo por parte do poder público é essencial para garantir a acessibilidade do esporte a todos.
“É bem complicado, quando o assunto é ter apoio do governo ou da prefeitura. Eu sinto que, se não fosse a federação lutando para realizar os campeonatos, o basquete roraimense estaria em uma situação pior. Que bom que a comunidade abraça nossos torneios. É uma quantidade pequena de pessoas, mas sinto que somos muito unidos”, pontuou.
A coordenadora relata o sonho de ver outras quadras com uma estrutura adequada, pois a federação poderia levar as competições para lugares mais distantes e, consequentemente, com um incentivo menor.
“O basquete é a inclusão também. Imagina como seria satisfatório para a gente, que organiza, levar o torneio para outros bairros e até municípios. Imagino que o número de pessoas interessadas em praticar o esporte aumentaria consideravelmente” finalizou.
Estrutura e investimento além de Roraima
De acordo com o estudante Luís Felipe, que morava em Boa Vista e hoje faz faculdade na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), a diferença de estrutura de Roraima para os outros estados é chocante.
“A estrutura deixa a desejar em Boa Vista. A prefeitura e nem o governo incentiva o basquete. A modalidade é alimentada pela comunidade mesmo, pela galera que joga nas praças e pelas pessoas mais antigas, que treinam novos jogadores. A falta de praças e incentivo influencia muito na escolha das pessoas em não jogarem basquete”, relatou.
Há mais de um ano morando em João Pessoa, Luís ressaltou que a estrutura é melhor que em Boa Vista. Segundo ele, é comum ter campeonatos de basquete por toda a cidade.
“A diferença é grande. Aqui tem muito evento de modalidades diferentes, 3x3, 5x5 e até o time completo. Claro que a proporção de pessoas é maior, mas aqui tem muitos times. As quadras são ótimas para praticar o esporte também. Eu, por exemplo, já conheci umas 10 com boa qualidade. É impossível o esporte não crescer com um bom investimento”, disse.
O morador do bairro São Vicente, Rodrigo Pinheiro, de 28 anos, é praticante de basquete. Para ele, a situação das quadras é resultado da falta de investimento da Prefeitura Municipal de Boa Vista. Ouça abaixo o relato de Rodrigo:
OUTRO LADO
A equipe de reportagem entrou em contato com a Prefeitura Municipal de Boa Vista e aguarda o retorno.
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