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Evasão escolar atinge cerca de 500 mil jovens a cada ano


O problema afeta a qualificação profissional e a geração de renda do país


Sala de aula sem estudantes. Foto: Internet


A cada ano, cerca de 500 mil jovens com mais de 16 anos abandonam a escola no Brasil, a "tragédia silenciosa" da evasão escolar, pune os menos favorecidos e aprofunda a desigualdade. Entre os alunos mais pobres, menos da metade conclui os estudos (54% largam). Entre os mais ricos, a evasão escolar atinge apenas 6%, segundo dados da Firjan SESI.


O levantamento da Firjan mostra que, em média, apenas seis de cada 10 estudantes concluem o ensino médio, o que compromete a qualificação profissional e a geração de renda.

Para a socióloga Carla Domingues, é fundamental que sejam adotadas medidas para combater a evasão escolar e garantir que os jovens tenham acesso à educação de qualidade. Isso inclui o fortalecimento do ensino público, a melhoria da infraestrutura escolar e a oferta de atividades extracurriculares que motivem e incentivem os estudantes a permanecerem na escola.



Uma mudança significativa foi a implementação do novo ensino médio em 2022, que alterou a grade curricular dos estudantes. Para Alef Mateus, 17, estudante de escola pública, apesar de alguns benefícios, o novo ensino médio ainda tem muito a melhorar.

"Acredito que sim, haviam muitas reclamações sobre a escola não preparar o aluno para o mundo e passaram a ter matérias como Projeto de Vida e Empreendedorismo. Ainda assim, algumas mudanças foram falhas, como a diminuição nos tempos de história", opina o adolescente.

Quanto à flexibilização do currículo, Alef afirma que não foi tão difícil de se adaptar, mas que infelizmente, devido à falta de professores para algumas disciplinas opcionais, ele é isento de ter tais matérias.

"Não acredito que a escola está preparada para oferecer todas as mudanças propostas pelo novo ensino médio. Como algo repentino, acredito que tenha muito a melhorar. Meu objetivo não se adequa às matérias recém adicionadas", relata o estudante.

Em contrapartida, Jahde Xaud, 17, aluna de uma escola particular em Boa Vista, o novo modelo de ensino médio proposto pelo Ministério da Educação (MEC) é positivo na teoria, mas acaba não sendo o que se espera na prática.

"As novas disciplinas, dependendo do curso que o aluno pretende fazer futuramente, podem acrescentar certo aprofundamento em áreas que o aluno tem interesse. Porém, devido à carga horária que estão propondo, acabam causando exaustão aos alunos", afirma Jahde.

Ela ainda comenta que teve uma disciplina direcionada para o lado financeiro/econômico no primeiro ano do ensino médio e que, em sua opinião, o novo ensino médio foi pensado apenas para escolas particulares, que tentam impor o novo modelo sem informar os alunos sobre o sistema.

"A maior preocupação creio que seja em relação às escolas públicas, em questão estrutural e curricular", conclui a estudante.

Segundo o sociólogo Paulo Racoski, a pandemia revelou a fragilidade do modelo educacional brasileiro, ressaltando a necessidade de mudança do ensino médio como planejamento de vida para os jovens. Racoski destaca que um jovem entre quatorze e vinte e cinco anos tem um grau de imaturidade, e que dificilmente vai conseguir se sustentar em uma perspectiva profissional por muito tempo,

“a tendência é que quem nasceu no século XXI tenha várias experiências profissionais, em especial aqui no Brasil. O novo ensino médio não foca na ciência, tecnologia e inovação, não permitindo grandes avanços socioeconômicos na grande massa”, explica o sociólogo através do áudio a seguir.

Para Racoski, apesar da educação técnico-científica, a escola não tem servido como papel educador,

"No caso do Brasil, a gente já teve várias reformas do ensino médio e agora com essa nova implementação os estudantes não têm acesso às novas tecnologias de forma efetiva e permanente.”, conclui o sociólogo.

Repórteres: Vitória Moura e Rânia Barros
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