Fotos: Reprodução
Foto: Reprodução (LEVANTE POPULAR DA JUVENTUDE)
Gritos de protestos ecoaram na tarde desta quinta-feira (09) pelo centro de Boa Vista/RR contra os cortes de verbas nas Universidades Federais. No entanto, o que soou mais alto foi o choque dos estudantes com a prisão de um dos acadêmicos durante a manifestação estudantil.
Os acadêmicos saíram da Universidade Federal de Roraima (UFRR) em uma passeata até o Centro Cívico, portando cartazes e instrumentos musicais. Durante a caminhada, um ônibus público acompanhou os estudantes e em um momento fez menção de avançar contra o grupo de manifestantes, e então um aluno indígena do curso de Psicologia da (UFRR), levantou batuque em direção ao veículo, na tentativa de fazê-lo parar.
Quando os acadêmicos chegaram ao Centro Cívico, guardas municipais abordaram o aluno devido a um trincado no vidro do ônibus, possivelmente ocasionado pelo batuque, deram voz de prisão e o levaram ao 5° Distrito Policial para prestar depoimento.
“Quando estávamos na praça das águas, um ônibus público quis atravessar, avançando contra os manifestantes, então o estudante parou o ônibus com um instrumento musical, conhecido como surdo. Quando chegamos ao Centro Cívico, guardas municipais abordaram o jovem de uma forma totalmente truculenta. Eles empurraram estudantes e professores, espirraram gás de pimenta na gente. Mas em nenhum momento houve confronto. Pois a violência foi utilizada somente pela guarda”, disse a organização Levante Popular da Juventude em nota no instagram.
O acadêmico foi liberado após duas horas de depoimento, retornando à Federal por volta das 19h30.
No entanto, durante a abordagem policial e a tentativa de conversa entre os docentes e discentes da UFRR e a Guarda Civil, policiais utilizaram spray de pimenta para tentar afastar a multidão que estava assistindo o ocorrido.
“Eu cheguei a tentar conversar com um dos policiais, mas fui repreendido e logo após jogaram gás de pimenta diretamente no meu rosto e de outro rapaz ao meu lado, sem escrúpulo nenhum, em direção ao rosto. A repressão policial foi evidente, trataram uma manifestação pacífica como arruaça. Usaram de forças desproporcionais como forma de dispersão de quem tentava impedir a prisão indevida do jovem que estava conosco”, contou o acadêmico de Letras da UFRR, Fabrício Nascimento.
Foto: Reprodução (LEVANTE POPULAR DA JUVENTUDE)
A acadêmica do curso de ciências sociais, da UFRR, Débora, esteve presente no ato 9J contra os cortes na educação afirma que as ações dos policias são reflexos do que é dito e pensado pela sociedade como um todo,
“Na minha opinião como cientista social quase formada é que há uma visão muito negativa sobre os estudantes e movimentos sociais de maneira geral. Especificamente aos estudantes, nós somos vistos como pessoas vagabundas pela sociedade. Isso eu posso afirmar porque a grande maioria dos insultos que recebemos na rua ontem foram ‘vão procurar o que fazer ou vão trabalhar”.
Ela afirma ainda que antes de levantar a baqueta em direção ao vidro do ônibus, o estudante que foi preso fez diferente sinais na tentativa de parar o veículo.
“O aluno avisou o motorista com diversos sinais, eu vi porque eu estava ao lado dele. Mesmo assim o motorista avançou com o ônibus para cima da gente. E onde estava o Smtran [ Superintendência Municipal de Trânsito], Detran [Departamento Estadual de Trânsito], policiais, guarda, para nos proteger nesse momento? Mas o que parece é que a polícia é despreparada para lidar com situações como essa, pois quem deveria passar exemplo sobre segurança e apoio na sociedade, foi quem violou ontem a nossa segurança e nos tratou de forma desumana”.
A redação solicitou uma nota à prefeitura e à guarda municipal, mas ainda não recebeu retorno.
Saiba mais
No dia 9 de junho é comemorado o Dia Nacional de Mobilização e Luta pela Educação. Diante disso a organização Levante Popular da Juventude realizou manifestações em prol da educação em todo o território nacional.
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