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Cresce número de ataques à imprensa

Foto do escritor: CacosCacos

Atualizado: 22 de ago. de 2021

Foram registrados 11 mil ataques virtuais por dia nas redes sociais


(Foto compartilhada: SindiRadio)


- Por Mairon Compagnon e Bruna Gomes



Além das dificuldades para manter-se firme perante a pandemia do novo coronavírus (Covid-19), o Brasil também tem que lidar com as ameaças aos veículos de comunicação. Todos os anos são registrados casos de agressões virtuais e presenciais a membros da imprensa.


Segundo um relatório da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) a mídia profissional sofreu, no ano passado, cerca de 11 mil ataques virtuais por dia nas redes sociais – totalizando uma média de sete agressões por minuto.


A proliferação de ódio na redes sociais é algo visto todos os anos, mas que tem aumentado drasticamente desde o início da campanha eleitoral de 2018. Para a psicóloga, Georgia Moura, muitas vezes os profissionais da imprensa são vítimas desses ataques porque falam a verdade, tem a liberdade de propagar informações, independente de partidos políticos e acabam ferindo o ego de um dos lados.


“Quando falamos em ataque, não falamos apenas de atitudes lamentáveis e, mas falamos também de um crime. E quando acontece nas redes sociais, sentimos uma sensação de impunidade, uma vez que é pregado que a internet é uma terra sem leis e como a imprensa tem a liberdade de propagar informações, uma hora outro acabam ferindo o ego de alguém, gerando uma série de atitudes negativas e desfavoráveis”, esclareceu.


Agressões presenciais


Em um relatório publicado pela Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), os números de casos de violência a veículos de comunicação e a jornalistas, em 2019, subiu 54,07% em relação ao ano anterior. Foram registrados 208 ataques contra 135 se comparados a 2018.


Desses 208 ataques, 144 deles foram apenas de descredibilização da imprensa, na tentativa de questionar as da informações transmitidas pelos meios. Porém, os outros 94 ataques apontam agressões diretas a jornalistas e outros profissionais da imprensa.


O relatório indica que os jornalistas que trabalham em alguma rede de televisão são as principais vítimas de agressões, totalizando 35 casos dos 94 em 2019. Em segundo lugar estão os profissionais que atuam no jornal impresso com 33 casos registrados.


Uma das últimas agressões repercutidas pelos meios de comunicação, foi o da repórter Marina Araújo, feita de refém por um homem que invadiu a sede da rede globo de comunicação, no início do mês de junho. Apesar do susto, os seguranças da Globo agiram rapidamente e dentro de poucos minutos a repórter havia sido solta.


Políticos e parlamentares são principais responsáveis por ataques à imprensa


Segundo um relatório divulgado pela FENAJ em 2019, políticos e parlamentares são os principais responsáveis por esses ataques desferidos a jornalistas e a imprensa em geral. Em 2019 foram 144 ataques (69% do total). Segundo esse levantamento, o presidente Jair Bolsonaro foi responsável por cerca de 120 ataques.




Comparação dos ataques em 2019


Em 2020, os ataques ficaram mais acentuados e nos quatro primeiros meses do ano foram registrados 179 proferidos pelo presidente, sendo 28 ocorrências de agressões diretas a jornalistas, duas ocorrências direcionadas à FENAJ e 149 tentativas de descredibilização da imprensa. Os ataques não se restringe somente ao presidente, diversos jornalistas foram agredidos em manifestações pró-governo em abril e maio deste ano.


No fim de março, jornalistas que acompanhavam a fala de Bolsonaro em frente ao palácio do Alvorada deixaram o local após o presidente estimular seus apoiadores a hostilizaram os profissionais. Após diversos ataques como esse, jornalistas de diferentes grupos de comunicação como ‘Folha de SP’ e ‘Globo’ deixaram de fazer plantão no local pela constantes ameaças e ofensas que vinham recebendo.


Segundo o cientista politico, Paulo Racoski, no período pré - eleitoral a imprensa e os trabalhadores de comunicação começaram a ser grandes alvos de agressões, porque os meios de comunicação eram vistos como inimigos por grande parte dos eleitores, sejam eles de esquerda, direita ou centro.


"No entanto, para a campanha, muitos eleitores foram contagiados com os discursos de dois ou três candidatos que atacarvam uns aos outros e a imprensa. Em primeiro lugar, enquanto instituição, enquanto órgãos de empresa - uma empresa no sentido de capital financeiro e investimento - e depois, naturalmente, para materializar essa agressão, quiseram atacar sujeitos que trabalhavam em comunicaçã. A situação começou a ficar mais complexa porque as agressões se tornaram amplas e após a eleição, a partir do dia 1º de Janeiro de 2019, parece que seguiu-se por aí, piorando cada vez mais", explicou.


Vale ressaltar que a liberdade de imprensa é um dos pilares de uma democracia e essa precisa do jornalismo e dos jornalistas para se efetivar. Além que todos os cidadãos têm o direito a informações e através da notícia que essas pessoas são informadas sobre o que está acontecendo no país.


Cartilha de orientação sobre ataques ou assédios


Pensando nos jornalistas que sofrem ataques ou assédios, a Associação Brasileira dos Jornalistas Investigativos, em parceria com a Ordem Brasileira dos Advogados, lançou uma cartilha que orienta legalmente os profissionais da imprensa a como agir perante diante a esses acontecimentos.


A cartilha apresenta informações para quando o profissional sofrer algum tipo de agressões ou ataques, apontando as medidas a serem tomadas antes e durante os acontecimentos. O documento está disponível em versão online e para impressão no site: abraji.org.br



 
 
 

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