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Cosplay e a arte do Respeito

Por Fernanda Fernandes


Conhecido por ser uma atividade democrática onde a única “regra” para participar é ser fã, o cosplay encanta e acolhe pessoas de todas as idades, crenças, gêneros, pesos e cores.


Em sua mais pura definição, a palavra representa a junção dos termos costume (fantasia) e roleplay (brincadeira ou interpretação). Considerado arte ao redor do mundo, o hobby já se tornou profissão para muitos de seus adeptos.


O primeiro registro oficial de um cosplay foi feito em 1939 em uma convenção de ficção científica no estado de Nova York, nos Estados Unidos. Com o passar do tempo, sua popularidade foi cada vez maior e seus adeptos se especializaram cada vez mais nas suas produções e interpretação dos personagens.


Entretanto, a prática pode ser vista com maus olhos por algumas pessoas. Recentemente, uma fala realizada durante uma live no Facebook do programa “pretinho básico”, no dia 28 de fevereiro, gerou repercussão na comunidade dos cosplayers. O apresentador afiliado da Rede Atlântida, Rafael Bacchi, afirmou : “ cosplay com 30 anos não existe, tá? Um ‘nego véio’ sai ali vestido de super homem, isso aí merece um laço”.

*Laço: gíria para se referir à violência física


Logo após a live, hashtags como #RespeiteOsCosplayers e #CosplayNãoTemIdade subiram no Instagram e o pedido por respeito tomou conta das redes sociais.


Segundo a atriz profissional, Mariana Neiva, de 28 anos, é muito triste ver alguém, como artista, tentar ganhar mídia por um meio tão antigo como diminuir o trabalho de outras pessoas.



“A qualificação de um cosplayer não é apenas vestir uma roupa, e sim a combinação de um trabalho árduo de estudo e preparação para estar ali".



Em um vídeo divulgado nos stories de seu Instagram (@mariana_neiva_), a atriz afirma estar disposta a emprestar sua roupa de mulher maravilha e seu laço, fazendo referência a “piada” do radialista.


A médica neurocirurgiã, Paula Genkai (@paulagenkai), de 38 anos, encontra tempo entre um plantão e outro para se dedicar a seu hobby. Cosplayer há 22 anos, Paula afirma que comentários que venham a denegrir a atividade são completamente desnecessários.


“Cosplay é um hobby que inclui diversas profissões e idades. Boa parte dos meus amigos, fiz por causa do cosplay. O cosplay me trás experiências incríveis com o público dos eventos e com outros cosplayers. Não é a primeira vez que cosplayers são ‘atacados’. E, quando acontece, é claro que ficamos chateados. Fiquei perplexa quando escutei, especialmente quando descobri que laço=tapa”, comentou.





“Não há nenhuma lei ou regra que limite a idade. Enquanto for divertido, faça! Quer seja com 10, 20, 30 ou 80 anos".



Outro cosplayer que também se manifestou em relação ao ocorrido foi Wonder Bira (@wonder.bira), de 42 anos, que debate não apenas a questão de idade, mas também a questão de gênero. Por se tratar de um cosplayer genderbender (modalidade que converte um personagem ao seu sexo oposto), Bira ressalta a parte artística que envolve o processo de criação e frisa ainda mais pelo respeito ao meio.


"Cosplayer é pura arte que emana de conceitos, não levando consideração idade, gênero, raça ou credo. Cosplay não é "festa à fantasia". Nunca foi, nunca será. Nós investimos mais que dinheiro: tempo, amor, sonhos e objetivos. Muitos tornam desta sua principal profissão e realização pessoal. Rebaixar, diminuir a arte cosplay é ignorante, é puro desrespeito”, disse.





“O cosplayer é um artista nato onde usa a criatividade misturada a encenação se tornando algo único".








O radialista, Rafael Bacchi, foi procurado para ter sua chance de retratação, mas não se pronunciou sobre o assunto.

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