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Aumento de queimadas em Roraima gera riscos à saúde da população, explica pneumologista

Foto do escritor: CacosCacos

Atualizado: 14 de jun. de 2023


A estudante Vitória Cruz relata piora em crises de alergia respiratória: “ainda me causa dificuldades para dormir”.


Boletim divulgado pela Fermarh aponta 35 registros de incêndio na primeira semana de maio (Foto: Reprodução/Caíque Rodrigues)

Apesar da chegada do período chuvoso em Roraima, ainda há registros de queimadas por todo o estado, devido ao clima quente mesmo no Inverno. Segundo o boletim da Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh) divulgado no dia 19 de abril, houve risco de fogo alto em 15 municípios do estado.


Os dados disponibilizados à Femarh, pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostram que as áreas indígenas foram as principais afetadas com o fogo, de acordo com o monitoramento feito.


Apenas nas duas primeiras semanas de abril foram identificados 98 focos de incêndio com maior incidência nos municípios do sul do estado. Mesmo com fogo devido ao calor, a principal causa de incêndios tanto em Roraima, como em toda região da floresta amazônica é a ação humana.



Embora o período seco seja o mais propício para incêndios, ainda há possibilidade de focos de queimada em épocas de chuva. De acordo com o boletim hidroclimático divulgado pela Femarh na primeira semana de maio, 35 focos de incêndio foram registrados, 24 a mais que em 2022, onde foram registrados apenas 11 queimadas durante todo o mês.


Ainda segundo o boletim, o município de Bonfim é o primeiro no ranking de queimadas deste mês de maio, totalizando 11 focos, logo em seguida o município de Alto Alegre com sete focos e Pacaraima, com cinco.


De acordo com o artigo 51 do decreto federal 6514/2008, danificar ou explorar qualquer tipo de vegetação nativa, em área de reserva legal de domínio público ou privado, sem autorização prévia de um órgão ambiental gera multa de R$5 mil por hectare ou fração.


A conscientização da população é a principal chave para evitar as queimadas. Além dos riscos ambientais, as queimadas trazem consequências a curto e longo prazo para o ser humano. Por isso é importante ficar ciente e denunciar qualquer ação criminosa pelo número 156.


Doenças respiratórias


Já se fala sobre o impacto das queimadas ao meio ambiente para o futuro, entretanto é possível ver os danos provocados pelos incêndios na saúde da população roraimense. É o que relata a moradora do bairro dos Estados, Vitória Beatriz Silva da Cruz, estudante de biomedicina de 19 anos, que tem sofrido por causa da fumaça dos incêndios.


“Tive uma piora muito grande nos ataques de alergia respiratória, e ainda me causa dificuldades para dormir por conta dos problemas respiratórios. Eu tenho rinite, sinusite, e asma. Essas doenças já pioraram com o aumento das queimadas”, relatou.

Segundo pesquisas sobre o efeito das queimadas na saúde humana, a fumaça contém partículas que podem irritar os pulmões e causar problemas respiratórios. Entre eles, estão asma, bronquite, pneumonia, conjuntivite, irritação dos olhos e garganta, tosse, falta de ar, nariz entupido, vermelhidão, alergia na pele e desordens cardiovasculares


No início de abril, os moradores do bairro dos Estados enfrentaram uma queimada na região próxima das residências. Vitória Beatriz relata que, nesse dia, teve dificuldades para dormir, em razão da fumaça e fuligem.


“Tenho tosse, falta de ar, garganta muito seca, dores de cabeça e ressecamento de pele. Na parte da noite era muito difícil dormir com o ar seco. Quando houve aquela queimada na região da base aérea foi a pior noite, não consegui dormir de jeito nenhum”, afirmou Vitória.


As queixas de problemas respiratórios aumentam durante essa época do ano. Apesar de criminalizado, ainda é frequente o uso de fogo, tanto nas atividades pastorais quanto na queima de lixos domésticos.


O médico pneumologista Marcelo de Fuccio faz algumas recomendações para os dias mais secos em Roraima.



O pneumologista também explicou que, constantemente, atende pacientes do interior com queixas respiratórias causadas pelas queimadas.


"Recentemente, atendi uma senhora asmática, que teve uma crise justamente porque o vizinho ateava fogo constantemente no lixo seco. Como ela morava perto, a fumaça afetou muito os problemas respiratórios que ela já tinha ", comentou o médico.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, cerca de 90% da população mundial segue respirando ar poluído, nocivo à saúde. Com o crescimento das queimadas durante o mês de abril, os índices de poluição do ar são agravados, gerando uma série de problemas para o ser humano.


Repórteres: Rayane Lima e Yasmin Trindade
 
 
 

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