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Aumento de comércio online afeta economia roraimense, afirma especialista

Foto do escritor: CacosCacos

Atualizado: 14 de jun. de 2023


Debate sobre e-commerce ganhou notoriedade após anúncio de que Governo Federal acabaria com a isenção de taxas para valor até US$50; medida foi revogada e isenção é mantida


Política de Frete grátis da Shein. (Foto: Reprodução/Shein)

O e-commerce tem estado cada vez mais presente na vida dos consumidores brasileiros. Segundo a pesquisa da NIQ Ebit, no ano passado, 72% dos consumidores que optaram por fazer compras por e-commerce escolheram as plataformas asiáticas, que já representam metade das compras feitas online. Entretanto, o aumento desse hábito pode afetar o comércio local.


Para o economista Fábio Martinez, incentivar o mercado local é a solução mais adequada se considerarmos a circulação de capital dentro do estado.


Economista Fábio Martinez. Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)

“Quando você compra pela internet, seu dinheiro todo vai para outro estado ou para outro país, fazendo com que o efeito multiplicador não fique aqui no estado de Roraima, e sim em outros países ou em outros estados. Então, é por isso que geralmente estimulamos as pessoas a comprarem no mercado local, porque você incentiva o crescimento econômico da região", comenta.

O debate sobre o assunto ganhou ainda mais notoriedade após o anúncio de que o Governo Federal iria acabar com a isenção do imposto de importação para encomendas no valor de até US$50. Entretanto, o governo recuou e decidiu manter a isenção.


Um dos incentivos para compras online em plataformas digitais, como Shein e Shopee, é o preço mais atrativo para o público consumidor. Em alguns casos, o mesmo produto é vendido em lojas virtuais por um valor três vezes menor que no comércio da região.


Yohanna Menezes relata hábito de comprar em lojas online (Foto: Reprodução/Arquivo pessoal)

A acadêmica de Jornalismo, Yohanna Menezes, de 21 anos, relata que durante a pandemia fez compras em sites online, em específico a Shein. Para ela, as compras se tornaram um hábito.


“Eu comecei a comprar bastante durante a pandemia, pois era uma alternativa mais válida sem sair de casa, e as compras chegavam rápido. Toda semana eu fazia, no mínimo, duas compras pelo aplicativo. Isso se tornou viciante, pois comprava o que eu queria sem preocupar com as taxas", disse.

Sobre a taxação de encomendas, a jovem estudante conta que entende ambos os lados: consumidor e mercado local.


“Por um lado, eu entendo o mercado local em apoiar a tributação, mas também estou do lado do consumidor. É meio óbvio que os preços das mercadorias não fazem jus ao salário que o trabalhador brasileiro ganha, principalmente em lojas de fast fashion, que na teoria deveriam ser mais baratas. Não temos o luxo de pagar R$60 em uma regata que eu encontro por R$20. Obviamente, a gente vai buscar o mais barato", comenta.

Lado do comércio local


Consumidores e empreendedores podem ter visões opostas acerca deste tema. No entanto, os mercadores locais têm tentado se readaptar para permanecer lucrando em um mercado, cuja competição só cresce.


Josiane Soares é empresária no ramo de moda unissex (Foto: Reprodução/Arquivo pessoal)

Empreendedora no ramo de roupas há mais de dois anos, Josiane Soares conta que compra bastante em loja física e prefere tanto comprar quanto vender pelo contato pessoal. Proprietária de uma loja de roupas masculinas e femininas, ela defende a procura do segmento comercial que agrade o seu público alvo.


“O site é uma opção de compra. Em cada eixo do mercado, seja online ou virtual, existe o seu público alvo. Como vendedora, a loja física é bem melhor, consigo conhecer meus clientes mais de perto e me adequar conforme os gostos pessoais de cada um, ao trazer peças que sei que vão agradá-los", disse.

Debate sobre taxação brasileira de produtos importados


Desde 1999, importações feitas por pessoas físicas já são taxadas em 60% do valor da remessa com frete incluso, segundo portaria do Ministério da Fazenda. Cabe à Receita Federal realizar a fiscalização do recolhimento desses tributos, feitos a partir da amostragem.


Até o momento, foram cadastradas cerca de 930 mil lojas online no site de e-commerce brasileiro, as principais são Mercado Livre, Amazon Brasil, Magazine Luiza, Americanas e Ifood.


Segundo pesquisa realizada pela equipe de reportagem através de um formulário, mais de 90% dos respondentes costumam fazer compras online. As principais motivações são o preço e em segundo lugar a acessibilidade, seja por medidas ou estilo:


Infográfico: Elane Oliveira

Consumidores optam por comprar mais barato e relatam que, para compras feitas em lojas nacionais através dos sites asiáticos, as entregas costumam demorar mais para serem feitas. A pesquisa revelou ainda que os roraimenses tendem a optar por comprar no mercado local somente peças essenciais, que normalmente sairiam pelo mesmo preço se comparada a soma entre produto e frete.


O levantamento da consultoria Ebit aponta que a cidade de Boa Vista, capital de Roraima, fica em primeiro lugar no ranking de transporte mais caro do Brasil. O município apresenta um valor médio de R$38,25 de frete.


Com o recuo do governo, as opiniões populares e de influenciadores da internet se dividiram. Na rede social Twitter, o tópico ficou no Top 1 dos assuntos mais comentados e repercutiu em todas as redes sociais. Perguntados no questionário sobre como se sentiam em relação à taxação, um dos participantes abordou a complexidade do assunto.


“É necessário para que os produtos nacionais sejam apreciados. No entanto, devido à grande desvalorização dos salários do trabalhador e altas dos preços dos produtos de primeira necessidade, os brasileiros têm o direito de comprar em locais que permitam economizar o máximo sem a perda de qualidade para manter o mínimo de paridade salarial de outrora”, disse.

Apesar do recuo do Governo Federal, em pronunciamento, Haddad comentou sobre o imposto que será cobrado dentro dos aplicativos sem prejudicar os consumidores. Será instituída a “digital tax”, um imposto online, ou seja, código automático inserido dentro das compras com o valor tributário incluso.


Shein no Brasil


Uma parceria da Shein com duas empresas brasileiras, a Coteminas e a Santanense, foi anunciada em abril. O investimento atingiu o valor de 750 milhões. A ideia é gerar cerca de 100 mil empregos em até quatro anos e estabelecer uma companhia de rede fabricantes têxteis no Brasil. Além disso, as produções vão ser destinadas ao comércio local e aos fornecedores asiáticos.


Para o economista Fábio Martinez, a instalação da fábrica e a crescente nacionalização da empresa irão gerar resultados que poderão ser vistos no mercado estadual.


“É sempre importante que novas empresas se instalem no Brasil. Isso acaba gerando mais emprego e renda, porque uma empresa grande precisa de mão de obra. A companhia vai contratar pessoas, que, com os salários recebidos, vão gastar no mercado local”, explicou.

As medidas surgiram para pôr fim às taxações efetuadas durante as compras online e nacionalizar cerca de 85% da produção chinesa.


Acesse as entrevistas na íntegra aqui.


REPÓRTERES: Carolayne Piá e Elane Oliveira

 
 
 

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