
Foto: Divulgação
Apesar do Brasil ser um estado laico, ou seja, que não tem uma religião oficial, muitas pessoas ainda sofrem com a intolerância e preconceito, devido a divergência de crenças. Diante disso, desde 2007, o dia 21 de Janeiro é destinado ao combate à intolerância religiosa em todo o país.
Luiza de Lucas faz parte da Umbanda e conta que com o advento da internet a intolerância e o preconceito se fez ainda mais presente no dia a dia. Durante a pandemia, por causa do maior uso da internet, esse preconceito se agravou.
“Na minha visão como pessoa que faz parte da Umbanda, a intolerância religiosa nunca foi embora. Ela muda de rosto, de época, mas nunca vai embora. Vemos muito em sites de notícias, pais e mães de santos sendo espancados por causa da religião, terreiros sendo quebrados, queimados, além de lojas de artigos de coisas religiosas da Umbanda e do Candomblé sendo quebradas. São notícias que estamos acostumados acompanhar”, comentou.
Segundo a revista Veja, durante a pandemia da Covid-19, os praticantes das religiões de matriz africana, que são as maiores vítimas no país, foram os que sofreram mais ataques, totalizando 245 denúncias de atos de intolerância só no ano de 2020. Já no mundo, com base no relatório da ONG internacional Open Doors, em 2020 mais de 340 milhões de cristãos foram perseguidos no mundo, tendo só na África subsaariana um aumento de 60% no número de cristãos mortos.
No Brasil, a Ouvidoria da Secretaria Estadual da Justiça e Cidadania de São Paulo relata que houve um aumento em comparação ao ano de 2020 de 24,5% nos casos de intolerância no estado de São Paulo, incluindo a intolerância religiosa. Esse aumento no número de casos, ressalta a importância da data.
“É importante olharmos para o próximo com carinho, paciência e calma. Se a pessoa estiver aberta a ouvir sobre o que ela está criticando, sobre o lado contrário da opinião dela, serei feliz em ajudar a procurar por informação e olhar outras perspectivas”, ressaltou Luiza de Lucas.
O Dia do Combate à Intolerância Religiosa foi instituído no Brasil pela Lei n.º 11.635 e foi escolhido em homenagem à Mãe Gilda do terreiro Ilê Axé Abassá de Ogum, que morreu vítima de intolerância religiosa. Mãe Gilda e seu marido foram perseguidos após a publicação de uma matéria com o título “Macumbeiros e charlatões lesam o bolso e a vida dos clientes”. Ela teve sua casa e seu terreiro invadidos, além de sofrer junto com seu marido, diversas agressões físicas e verbais. Após esses acontecimentos, teve um infarto fulminante e morreu.
A liberdade religiosa é um direito de todo brasileiro, incitar ódio sobre qualquer religião é um ato inconstitucional. O respeito pelo outro deve ser o principal para uma boa convivência social.

Foto: Arquivo Pessoal
Dia Mundial da Religião
O mesmo dia que é comemorado o Dia do combate à intolerância religiosa, também é destinado ao Dia Mundial da Religião. A data foi proposta pela Assembleia Nacional em 1949 pelos Bahá’ís, religião fundada por Bahá'u'lláh. A data tem como objetivo promover diálogo, tolerância e respeito entre as diversas religiões existentes no mundo.
O debate sobre a tolerância religiosa nasce no século 17 na Europa, a primeira menção foi feita por Tomas Helwys, advogado e co-fundador da igreja Batista. A menção foi feita na obra “Breve declaração do mistério da iniquidade” em 1962. O autor dizia que a religião deve ser entre o indivíduo e Deus, “Que haja, pois, heréticos, turcos ou judeus, ou outros mais, não cabe ao poder terreno puni-los de maneira nenhuma”.
excelente matéria, parabéns aos envolvidos